Apiacás Arquitetos fundado em 2000, é dirigido pelos arquitetos Anderson Freitas, Pedro Barros e Acácia Furuya. Até 2010 contou com a participação de Giancarlo Latorraca. O escritório desenvolve projetos nas áreas institucionais, residenciais, comerciais e museográficas para os setores público e privado. Prezando o caráter multidisciplinar próprio à arquitetura, os projetos são desenvolvidos de modo colaborativo entre os arquitetos e profissionais de outras áreas pertinentes a cada desafio.

A preocupação com o resultado final dos projetos, ou seja, a qualidade final da construção, levou o escritório a montar uma estrutura voltada para acompanhamento e administração de obras para atender ao setor privado, ampliando portanto o comprometimento com as viabilidades construtivas e econômicas além de retroalimentar o desenvolvimento dos projetos, consolidando um fio condutor a partir da conceituação até a conclusão da obra.

Ao longo de sua existência, o escritório tem recebido algumas premiações, que podem ser vistas nos links de informação específicas nas abas de cada projeto. Entre elas, o 1º prêmio na categoria de obra construída do Concurso Jovens Arquitetos do IAB-SP (2008), o 2º prêmio no Concurso Nacional para o Hotel Complexo Paineiras no Rio de Janeiro (2009), o 3º prêmio no Concurso Nacional para a Requalificação e Ampliação do Complexo Teatro Castro Alves em Salvador (2010), o 1º prêmio no Concurso SESC Franca (2013), 2º lugar no Concurso do Centro Cultural de Eventos e Exposições de Paraty (2014).

Em 2015, o projeto Estúdio Madalena recebeu o segundo Prêmio de Arquitetura Instituto Tomie Ohtake AkzoNobel e a indicação para o Prêmio MCHAP – Prêmio Mies Crown Hall Americas. Entre 2017 e 2018 o escritório fica em segundo lugar nos concursos nacionais, para o projeto do SESC Limeira em São Paulo e também para o Teatro SESC Atalaia em Aracaju. Em 2019 recebe o prêmio de melhor projeto residencial pela casa Serra Azul e em 2021 o prêmio para melhor pesquisa de sistemas construtivos, ambos pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil/SP.

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SESC LIMEIRA

Institucionais

concurso nacional de arquitetura
projeto classificado em 2º lugar

limeira - sp
2017

autores
Acacia Furuya
Anderson Fabiano Freitas
Pedro Amando de Barros
Pedro Ivo Freire

colaboradores
Bárbara Francelin
Gabriela Parisi
Julia Moreira
Marcelo Otsuka
Mariana Trédici
Marina Smit
Matheus D’almeida
Pedro Petry
Vitor Silva Da Costa

projeto
apiacás arquitetos

status
projeto

programa
institucional
cultural
esportivo

área
20.518 m²

consultores (solos)
Éricles Pimente Freire
Luciana Borba / ZF Engenheiros Associados

O lugar e ações preliminares

De formação rochosa e com o lençol freático em cota elevada, o terreno destinado à implantação da unidade do SESC Limeira possui também outras características peculiares que estabeleceram as premissas para a implantação deste projeto. Pensado de maneira a dialogar com todas as condicionantes expostas para atender as questões programáticas, visando adequar valores subliminares de conceituação à facilidade construtiva e, consequentemente, de ordem econômica.

Às condições anteriormente mencionadas, soma-se o fato do terreno ocupar a totalidade da quadra, delimitada por três vias de acesso com características topográficas de declive acentuado e geometria retangular de proporções estreitas – a frente do terreno é três vezes mais larga do que a lateral. Somente um dos lados do terreno é voltado para uma área edificada – os edifícios habitacionais –, enquanto os outros três lados são destinados a áreas de uso público, resultado da legislação ambiental para preservação permanente de área verde, por conta da confluência dos córregos ali existentes.

Embora haja dificuldades geomorfológicas para a implantação de uma obra da escala pretendida, ressalta-se entretanto, a geolocalizacão privilegiada do lugar para o funcionamento deste equipamento ativador de ações fundamentais para a formação social.

Diante deste cenário, esta proposta interpreta estas questões preliminares respondendo com a premissa projetual para inserção da construção de maneira sinérgica, como quem se apoia e se adapta à natural condição e vocação do terreno. Não há cortes abruptos ou movimentos de terra significativos. Propõe-se uma obra sem arrimos, de maneira a não confrontar a natureza pré-existente, mesmo para uma construção de tal porte.

Uma Unidade Tripartida

‘’…embora as variações tenham sido feitas pelo método geométrico, a ideia controladora seguia o jogo puro da forma e da cor e cujo único objetivo era despertar um sentimento prazeroso’’. (Max Bill, a respeito de sua escultura Unidade Tripartida)

Em contraposição à ideia de uma construção de bloco único, esta proposta tem como princípio dialogar com as condicionantes do terreno e também com o clima favorável à inter-relação dos ambientes externos e internos, do “entre” qualificado como permanência e não como passagem. Portanto, uma construção tripartida, unificada por programas conectores, além de enriquecer as relações espaciais, deverá favorecer o desempenho térmico, acústico e principalmente energético da unidade.

Organizamos a distribuição dos ambientes de maneira a horizontalizar seu uso, explorando relações ora cobertas, ora abertas, dentro e fora, sem a hierarquia do construído sobre o não construído. A construção é adaptada à declividade do lote, preservando ao máximo seu perfil natural. A geometria da edificação proposta, em busca do estado de prazer para seus futuros usuários nos espaços de permanência, estabelece um ritmo de ocupação de cheios e vazios, acentuando o caráter de ações independentes para quem observa de fora.

A edificação com seus três volumes destacados deverá atuar como faróis para a cidade, marcando a paisagem simbolicamente e revelando didaticamente as atividades elementares do SESC para o imaginário coletivo; a cultura, o esporte e, fundamentalmente, o direito ao lazer e ao ócio.

Como primeira ação construtiva, um embasamento de único pavimento deverá ocupar e delimitar toda a extensão da frente sugerida em edital para acesso de veículos. Tal pavimento terá a função de abrigar programas logísticos como estacionamento, bicicletário, área de doca, gerador, transformadores, lixo, além do acesso de serviço. Todo este programa funcional estará em contato direto com o corredor de infraestrutura e manutenção, paralelo à extensão do estacionamento. Este item do programa, não previsto no edital, tem função objetiva de conduzir tubulações e cabeamentos oriundos de equipamentos como gerador, transformadores, máquinas de ar condicionado, etc., necessários ao funcionamento da unidade, atua também como um colchão de ar isolando acusticamente o estacionamento dos ambientes de permanência da unidade. A ideia principal é facilitar a manutenção e permitir uma interdependência dos programas da unidade, que poderão ter os equipamentos e demais tubulações alimentadoras separados para cada função elementar.
Sobre o embasamento, três volumes consolidam o caráter do projeto como uma Unidade Tripartida.

No primeiro volume – a esquerda de quem entra na unidade pelo acesso público previsto no edital – estarão contidos o teatro, ensaios, oficinas, odontologia, salas para internet e tecnologia, além do programa da administração. Por estar próximo à extremidade do lote com acesso direto para a rua, o teatro poderá ter o funcionamento de suas atividades com horários autônomos do restante da unidade. O público poderá ter um acesso independente, direto para o estacionamento ou por uma praça lateral externa, conectado ao acesso de veículos do estacionamento sem a necessidade de se percorrer internamente a unidade ao final de um espetáculo.

O acesso de veículos para carga e descarga do teatro também será facilitado por esta condição, pois possui o acesso lateral em nível com a rua para o depósito localizado abaixo do palco do teatro (é possível também o serviço de carga e descarga pelo nível do palco, através do acesso ao foyer que, com pé direito duplo, não torna impeditiva a entrada e saída de veículos de carga).

No volume central, coração do terreno e também da edificação, estarão os programas de vivência e exposição com pé direito duplo, meio nível acima, a biblioteca, mais meio nível acima, o atendimento ao público e a loja. Estes programas estarão interligados entre si por rampas acessíveis em contato visual com a paisagem externa e a todos os programas públicos do nível térreo da unidade. Sobre este pavimento estarão as salas de dança, ginástica e quadras poliesportivas coberta e descoberta. Os vestiários e banheiros estão inseridos no centro deste espaço, junto à prumada de circulação vertical, alimentada de infraestrutura técnica vinda do corredor de infraestrutura, já mencionado anteriormente.

O acesso a este segundo volume se dá por uma praça central entre o volume do teatro e a vivência, resultante do desligamento volumétrico, que além de cumprir o papel de passagem pública controlada – em substituição a escada pré-existente – possui patamares, escadas e arquibancadas ajustados à declividade do terreno para se conectar às áreas internas como uma extensão de uso ao ar livre. Ativando dinâmicas de atividades externas, como shows, leituras de poesia, brincadeiras, enfim, tudo que se pode fazer sem a necessidade da proteção dos ambientes fechados. Além das escadas, uma rampa com acessibilidade normativa diretamente ligada à chegada de usuários do transporte público poderá cumprir o papel de acesso para carga e descarga do espaço destinado a exposições.
Um café (programas conectores), estrategicamente inserido entre a ligação da vivência e o foyer do teatro, poderá também servir as atividades da praça de acesso, sem a necessidade de se multiplicar nos demais ambientes públicos da unidade. O programa das piscinas caracteriza o terceiro volume. Nele estão contidos as piscinas semiolímpicas, de hidroginástica e os vestiários. Sob as piscinas se encontram os ambientes técnicos exigidos no edital. Na extensão externa, o solário e as piscinas externas resultam numa geometria que deverá manter estas áreas em contato permanente com a insolação, mesmo no solstício de inverno, e criam situações inusitadas para o banhista que estará em contato com os jardins rebaixados por um lado e a copa das árvores existentes pelo outro, por conta da área de preservação permanente. No nível térreo deste uso estará a comedoria, com “janelas para a piscina” como uma sugestiva ação lúdica para a contemplação dos usuários, tanto para quem come como para quem nada. A comedoria, aberta à paisagem, é servida pela cozinha, alimentada pelo corredor de infraestrutura e manutenção. Ela possui conexão coberta para o programa da vivência através da circulação varanda onde se localiza a brinquedoteca (programas conectores). Esta por sua vez, tem sua área estendida para um pátio permeável destinado a atividades infantis ao ar livre

O sistema construtivo e considerações finais

A concepção do sistema construtivo segue a lógica de uma construção que se consolida ao terreno. À medida que a estrutura se eleva, tende a ser constituída de elementos gradativamente mais leves. O térreo possui uma estrutura convencional de concreto para pilares e lajes ajustados em patamares conforme a declividade do terreno. Sobre esta base de concreto, como um coroamento combinado com caixilhos protegidos por “peles” translucidas, a estrutura metálica mais leve, concluirá o sistema construtivo.

Todas as três coberturas em destaque poderão receber placas de captação de energia solar, ou equipamentos de função similar com funcionamento independente entre si. A geometria regular, apesar da inflexão do volume das piscinas adaptado à topografia, respeita com rigor os limites sugeridos pelo programa no edital, evitando “gorduras de espaço” facilitando a lógica estrutural com vãos racionais permitindo apoios mais próximos, mas também viabilizando vãos maiores quando o espaço assim exige. A construção ocupa linearmente o terreno e procura organizar os espaços da forma concisa e coesa, com o intuito de aumentar ao máximo as áreas permeáveis destinadas a usos diversos correlatos a esta situação, como horta coletiva, pomares ou mesmo permitir uma maior liberdade para inserção do poço artesiano.
Um espelho d’água com função drenante para retardar a água acumulada no terreno – que poderá também estar interligado aos córregos, funcionando como um tratamento de permacultura (aqui uma ação didática) – delimitará o terreno destinado à unidade sem a necessidade de fechamentos abruptos voltado para o passeio público. Neste sentido, a unidade, apesar de possuir um passeio público interno cruzando a unidade, poderá ser fechada ao termino do horário com portões metálicos nas duas extremidades em contato com a rua, ou simplesmente se fechar na própria volumetria das edificações. Temos convicção que a atmosfera de civilidade está diretamente ligada ao sentimento de pertencimento, por isto o projeto tem esta concepção formal, como um convite aberto ao público. Pode entrar que a casa é sua.



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